quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A Aquisição da Sintaxe nos Primeiros Anos de Vida


Não é para menos que o chefe deste departamento esteja indignado, pois em vias de finalização de período labutário, aproquinquando-se cada vez mais as generosas fiscalizações pseudo-inquisitórias dos órgãos competentes, surja entre seus subordinados indivíduo afim de mostrar serviço! Petulante!
Revoltado, deixou de lado pilha monstruosa de serviço atrasado para escrever as seguintes linhas:

A aquisição da linguagem, ato que soa tão natural quando assim descrito, é na verdade uma complexa relação entre o falante e o mundo com quem ele interage. Esta aquisição, por assim dizer, é o ato de iniciar o exercício da comunicação segundo uma língua comum. Trata-se de exercício constante de experimentação das formas de expressão e da reação dos objetos envolvidos no ato. Até que se dê a plena compreensão das forças relacionadas a este exercício, o que se dá é o processo de aquisição da linguagem.
Todas as formas sintáticas inerentes à língua do falante vão sendo absorvidas de forma bastante orgânica e natural, a primeira vista, mas são fruto de esforço singular. Basta dizer-se que não havia qualquer parâmetro anterior de comparação para se formular qualquer metodologia de aprendizado no processo da aquisição da língua. A língua nativa é, portanto e sem sombra de dúvidas, a mais complexa de se aprender, haja vista que é a primeira ferramenta de comunicação convencional da qual o indivíduo se valerá.
Noam Chomsky em sua Gramática Gerativa teoriza esta aquisição como, entre outras, a habilidade do indivíduo de organizar as palavras que capta em seu meio e formular frases inéditas. Segundo esta teoria, o que desencadeia este aprendizado da língua é, também, a natureza e o funcionamento da linguagem, sendo que esta última, referindo-se à específica à espécie humana, apresenta estruturas universais inatas (como a relação sujeito/predicado) que tornam possível a aquisição dos sistemas sintáticos da linguagem pela criança. Sendo assim é correto dizer-se que o contexto em que se exercita a língua ativa essas estruturas inerentes à todos nós, que subentendem o funcionamento da linguagem.
Outra teoria referente a este assunto é a teoria inata de Jean Piaget, proferindo que o indivíduo tem por natureza a predisposição a aprender a sintaxe através de mecanismos próprios independentes do esforço intelectual próprio neste sentido. Tratar-se-á posteriormente de reflexões quanto a diferenças entre estas duas teorias.
O aprendizado da sintaxe é apenas um passo na aquisição da linguagem, conforme se sabe, pois esta se divide claramente entre sua sintaxe (as regras que regem o exercício da linguagem), a fonética e a fonologia (a parte motora caracterizada pela seqüência ordenada de sons que constitui uma língua falada) e por fim o conteúdo semântico (sistema das regras que definem a interpretação das frases geradas pelo componente sintático).
A proposta deste trabalho é apenas e tampouco contemplar os meandros da aquisição da linguagem em seu aspecto sintático, sendo assim seu maior foco a geração de frases e suas complexas regras. Tanto quanto possível, tratar dos estágios em que se consuma o aprendizado desta característica que é fundamental a construção de frases coerentes.
A Gramática Gerativa de Noam Chomsky

Classificado por muitos como um “anarquista do humanismo socialista”, Noam Chomsky marca sua visão política com artigos consistentes, mostrando um ser, além de um lingüista excepcional, pessoa política ativa. Refletindo este tipo de atitude, não apenas se formou lingüista pelos padrões estruturalistas, mas se dedicou a criticar esta linha de estudos por fim formulando esta, que é conhecida como “teoria da gramática gerativa”.
Segundo esta teoria, a real expressão da linguagem não é fruto de um meio coletivo, como prega o estruturalismo. Para Chomsky, a palavra mais adequada é “criatividade”, uma vez que o que se dá é uma necessidade de expressar determinado pensamento para então se buscar meios conhecidos, comumente Chomsky se refere aos sons, para representar idéias próprias. A linguagem então não é simplesmente meio social mas marca da individualidade. Porta não só uma forma convencionada socialmente, mas as idéias próprias de um indivíduo.
Esta capacidade de portar marcas próprias assim como se mostrar elementos comuns socialmente divide a gramática gerativa em duas partes bem definidas na explicação de Chomsky:
a) Estrutura profunda: que é a forma abstrata subjacente que determina o significado da frase. É a idéia primeva, fundamento da formulação da frase.
b) Estrutura de superfície: esta é uma representação do símbolo físico que produzimos ou ouvimos. Seja palavra escrita, seja falada, meio final pelo qual a idéia se manifesta.
Para Chomsky a frase se elabora partindo da estrutura profunda e manifesta-se executando transformações nas formas mais fixas, organizando elementos lingüísticos afim de melhor portar os conceitos que a estrutura profunda almeja apresentar. Sendo assim, não é difícil concluir que as forças desencadeadas na estrutura profunda da gramática não se apresentam em sua forma original, mas se manifestam como permite a estrutura mais superficial, já que mesmo Chomsky não pode negar que apesar de expressar idéias originais e se relacionar mais diretamente com a sintaxe, as formas pelas quais a expressão se dá são convencionadas, para fins de interpretação mais apurada, conforme se estuda pela semântica.


Bibliografia (até agora)

DUBOIS, Jean. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 2004.


Todo aparato legal necessário será ativado tão logo se encontre forma legal de prender todo aquele que empregar seu intelecto em benefício humano!
Onde já se viu!

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