terça-feira, 16 de outubro de 2007

Um ponto de vista sobre Tropa de Elite.

Muito tenho ouvido sobre posições políticas referentes ao filme Tropa de Elite. Desde apologia à violência até propaganda facista.
Quando se discute uma obra literária (cinema é literatura também) discute-se sua função e sua forma. A função de Tropa de Elite é apenas uma: contar a história do Comandante Nascimento, um membro do BOPE que está saindo da corporação porque será pai e não está lidando bem com a pressão. Para tanto ele busca um substituto que represente sua postura no comando. Somente ao saber que um indivíduo de caráter e conduta íntegras irá substituí-lo estará então a vontade para dispor de seu cargo.
É essa a missão dada.
É essa a missão cumprida.
O número de mortes decorrentes dessa missão não deveria ser problema. Principalmente por ser emramente uma obra literária. Não é um documentário. No início do filme a obra declara-se embasada em depoimentos verídicos, mas qualquer obra pode fazê-lo livremente, mesmo que de forma fantasiosa. É um instrumento de ambientação comum em obras da literatura escrita que, em literaturas mais modernas, é levado a sério em demasia.
James Bond é um representante de visões muito mais facistas. Rambo então nem se fala. Todos tem seus fundamentos verídicos e mesmo assim não são tema de discussão "intelectual" como se tem feito com Tropa de Elite.
A forma de Tropa de Elite é essa: um pseudo documentário. Não contém depoimentos, não contém cenas verídicas e nem mesmo deve conter nomes verdadeiros. Não representa a realidade. É uma das características da lietratura clássica. A verossimilhança é mantida mas não ocorre um relato verídico.
Não vale a pena discutir uma função social para esta obra. Dentro dos moldes platonianos ou aristotélicos talvez seja adequado dizer que é representante de uma visão facista empregada por alguns membros da tal Tropa. Ainda assim nada que exima a obra de sua graça.
A história é contada e muito bem. Os elementos cronológicos são respeitados e a narrativa é bem situada. O ponto de vista contado não representa a verdade, e sim a visão de UM dos homens envolvidos nos eventos narrados. Tudo que se percebe de "visão política" representa apenas a visão do narrador, estando sujeita a suas distorções. E é assim que deve ser. A narrativa deve levar as marcas de seu narrador.
O filme cumpre bem suas funções. Deve ser encarado apenas como um filme. Ou não?

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Momento de Ócio 3